receitas e Conteudos

Sopa da Imunidade

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Fotografia Rita Silva @r2arte

Esta é aquela sopa, cuja receita já perdi a conta das vezes que a dei. É muito, muito simples e mesmo saborosa! Resultou de uma adaptação dos cremes de legumes que fazia para os meus filhos quando eram bebés. É uma sopa que tem textura de um creme aveludado e que actualmente se tornou, numa aliada de conforto e de ajuda para aumento da imunidade, especialmente nestes dias em que começa a estar mais frio, o nariz a pingar e a garganta a arranhar.

Como já referi aqui muitas vezes, o grande responsável pela nossa saúde imunitária é o intestino. Aquele orgão que para muitos está esquecido e por vezes mal tratado. Mas o intestino é mesmo um dos nossos orgãos mais importantes e que precisa de cuidados diários. A maior parte dos adultos, por anos de erros alimentares, apresenta disbioses ou desquilíbrios, tanto no microbiota como do microbioma.

Já falei sobre o microbiota (população de bactérias que habita o nosso intestino) e como estas se “modulam” em “boas” e “más”, conforme os alimentos que escolhemos para a nossa alimentação diária. A disbiose é uma alteração qualitativa ou quantitativa da microbiota* ou do microbioma** intestinal. Não é uma doença, no entanto influencia a ocorrência de doenças metabólicas sistémicas, auto-imunes e comportamentais que têm origem nos intestinos.

A maior parte de nós tem disfunções do microbiota, que não está de todo em equilíbrio. Quando isto acontece, todo o nosso organismo se torna numa “porta aberta” a doenças consequentes de inflamação crónica.

Os sintomas podem não ser de uma doença estabelecida, mas a chamada disbiose intestinal inicia-se por alterações nas fezes, dores de cabeça, inchaço abdominal, diarreias/prisão de ventre ou baixa imunidade e à medida que envelhecemos, estes sintomas podem dar origem a doenças mais graves (auto-imunes, fígado gordo, diabetes tipo 2, doença metabólica, obesidade, doenças cardiovasculares,…).

É importante estarmos cada vez mais conscientes que precisamos de cuidar dos nossos intestinos, pois para além de ser o orgão de absorção de nutrientes, é também um órgão endócrino que nos regula hormonal e psicologicamente.

O primeiro passo, para quem segue uma alimentação/regime mais natural, já o deram: remover os alergénicos alimentares (produtos processados, gorduras refinadas/trans, açúcar, leite, pão, bolos, cereais genéticamente modificados…), agora é ir introduzindo na alimentação diária, mais alimentos prebióticos (muitos vegetais e fruta) e  probióticos.

Esta sopa/creme pode servir de acompanhamento da proteina à refeição e a qualquer hora do dia. Em dias de frio, pode ser um excelente pequeno almoço 😉

 

*microbiota– população de bactérias existentes.

**microbioma– metabólitos das bactérias (do microbioma). Bacteriocinas ou seja metabólitos que as bactérias utilizam para “matar” outras bactérias. Os metabólitos mais importantes produzidos pelas bactérias benéficas são: butirato, endol, ácido desóxicólico, putrecina, cadaverina e trimetilamina.

 

Receita Creme Prebiótico:

Ingredientes: (para 6 a 8 porções de sopa)

  • 300 g de abóbora
  • 300 g de batata-doce laranja
  • 300 g de cenoura
  • 1 colher de sopa de azeite
  • 1 colher de sopa de manteiga de pasto
  • Biomassa de banana verde (opcional)
  • Flor de sal qb
  • Água; caldo de ossos ou de vegetais qb

 Toppings:

  • Quinoa cozida
  •  Granola salgada
  •  Biovivos e germinados
  •  Ovo estrelado ou escalfado

 

Procedimento:

  1. Lave muito bem os vegetais e arranje-os em pedaços. Se as cenouras forem biológicas, pode deixá-las com a casca. Se usar abóbora Hokkaido ou cabaça, também pode deixar a casca (quando cozinhadas, a casca fica suave e depois de passada não será perceptível, além de que ficará com um creme mais rico em fibras benéficas para o bom funcionamento intestinal).
  2. Cozinhe os vegetais com pouca ou mesmo sem água. Pode cozer a vapor ou utilizando um termomixer, colocando a velocidade baixa e cozendo cerca de 25 minutos a 100 ºC.
  3. No final de estarem cozidos, adicione o azeite, a manteiga, a flor de sal, a biomassa de banana verde, um pouco de caldo de legumes, de ossos  ou simplesmente água a seu gosto, conforme a espessura que pretender que o creme tenha no final. Pode até optar por não adicionar qualquer líquido, ficando com um creme mais espesso.
  4. Sirva com um pouco de quinoa, granola salgada e os germinados. Pode acompanhar com um ovo estrelado ou escalfado.