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A Fibromialgia e o Paleo

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Há cerca de oito anos atrás, depois de ser mãe comecei a ter muitas dores musculares, cansaço generalizado e alguma apatia. Médico para aqui, exames para acolá, reumatologista e nenhuma conclusão…

Comecei a fazer caminhadas e andar de bicicleta muito pontualmente e melhorei um pouco. Fui esquecendo os médicos, mas, as dores continuavam cá, mas de forma menos persistente. A dada altura, uma amiga desafiou-me para correr e melhorei bastante. Nunca corri sem dores e pensei que era assim mesmo que tinha de ser, mas, as constantes contraturas, lesões que demoravam uma eternidade a tratar, levaram-me a um fisitatra (especialista em dor crónica) que me disse: “Isto que a Cláudia tem é igual à fibromialgia. Aconselho a fazer novos exames e ficar alerta para esta situação”.

Assim o fiz, fui ao médico e mais uma carrada de exames e análises. A suspeita de fibromialgia vinha-se a confirmar. Fiquei triste, desolada, com a sensação de que o mundo tinha desabado aos meus pés. Fiquei revoltada, não por ter uma doença, mas por ser crónica e não ter cura. A fibro (como habitualmente lhe chamo), não mata e não é degenerativa, mas dói muito e a forma silenciosa como nos tira a energia e nos consome é uma treta. Para além da fadiga e da dor física, existe a dor da incompreensão, do julgamento: “ah isso não é nada”, “isso é ansiedade”, “é a doença da moda”, “isso é tudo da tua cabeça” …

Por isto, ponderei se deveria partilhar esta minha condição e acabei por o fazer com os amigos e com o meu Grupo de corrida (Run Crew Trail Montijo). Agora partilho convosco e não quero ser a coitadinha, não quero ser a maior, quero apenas partilhar e quem sabe inspirar alguém e dar esperança!

Depois do diagnóstico confirmado e da revolta, serenei e assentei ideias. Foi-me recomendado que continuasse a fazer exercício físico e que alterasse a minha alimentação.

Como a alimentação me ajudou?

A ausência de açúcar, hidratos e farinhas refinadas, lacticínios, gorduras hidrogenadas, comidas processadas/embaladas, melhoraram muito a minha condição física e consequentemente a minha qualidade de vida.

Se é fácil? No início, não é nada fácil… As duas primeiras semanas são muito complicadas, algumas dores de cabeça devido à “ressaca” da ausência de açúcar e trigo, a pressão social, comer fora… Mas, com o passar do primeiro mês fica mais fácil e começa a ser muito prazeroso. Sempre que estou na iminência de “cair em desgraça” (no que respeita à alimentação), penso nas dores que posso voltar a ter, nas noites mal dormidas e na falta de qualidade e cor das refeições que fazia e vou até ao Grupo do Facebook onde encontramos muita ajuda, camaradagem e muito carinho, Jeitosos&Saudaveis – Detox 30 dias para mudar de vida.

A alimentação Paleo que faço baseia-se numa forma mais natural de comer, descascar mais e desempacotar menos. Sempre atenta aos ingredientes dos alimentos embalados e, quando não entendo a lista dos mesmos, não compro.

A minha refeição preferida é o pequeno-almoço e é sempre tão mas tão bom que a minha filhota de 8 anos também já é quase paleo. Como o interesse da pequena pela alteração alimentar é tão grande, comprei o outro livro da Joana Moura: “Comer bem, crescer saudável” e o nosso palato mudou e para melhor.

Passados praticamente 4 meses com um regime alimentar de base Paleo, os únicos sintomas da fibro que tenho são a rigidez muscular matinal, algumas contraturas (porque corro) e algumas dores enquanto faço o aquecimento para os treinos de corrida.

O aconselhamento médico correto, algumas alterações ao regime alimentar e apoio de amigos e família, fizeram com que tivesse uma postura mais positiva. Descobri que a melhor medicação é continuar a praticar desporto e correr sempre que conseguir. Dar o meu máximo, conseguir superar-me são os meus analgésicos!
E quando não tiver pernas ou não conseguir respirar vou pensar que me estou a superar e vou ficar radiante, com motivação para conseguir voltar no próximo dia. Talvez ainda consiga fazer melhor no dia seguinte e é isto que me motiva. A sensação de frustração não é fácil gerir, não conseguir completar o treino que anteriormente era canja… Eu treinava 10 km em bom ritmo, corri meias maratonas e agora faço o que posso. Mas, na realidade, faço muito, faço mais do que aqueles que ficam no sofá por mera preguiça. Não é fácil saber que já consegui mais do que agora e que, provavelmente, não irei conseguir muito mais. Neste momento, tento mentalizar-me que amanhã é um novo dia. Posso não conseguir hoje, mas amanhã vou tentar de novo e vai haver um dia em que consigo e me vou superar.

As dores, essas têm vindo a ser atenuadas com as mudanças alimentares. De toda a medicação que me receitaram, tomo apenas analgésico e/ou relaxante muscular quando as dores são muito fortes (o que tem vindo a acontecer com menos regularidade). Acredito que, se continuar a fazer uma alimentação de base Paleo, vou ter grande evolução na minha condição física. Paleo é saúde!

O caminho é não desistir, seguir em frente e acreditar! Há dias difíceis mas amanhã vai ser muito melhor, melhor que ontem.

Continuo a correr, a comer bem melhor e a superar-me.

Não se esqueçam que Paleo é Saúde!